Poderá a bitcoin retirar aos Estados Unidos o poder sobre o dinheiro mundial? Donald Trump mudou realmente de rumo em relação às criptomoedas? Ou haverá um cálculo frio por detrás das grandes promessas? Debatemos estes e muitos outros temas com Tomasz Mentzen na conferência Invest 2025, em Cracóvia.
Logo no início da conversa, Tomasz Mentzen indicou que não está interessado em previsões de preços de criptomoedas ou especulações de investimento. Para ele, o mais importante são os fundamentos ideológicos da cadeia de blocos.
"A coisa mais importante sobre as criptomoedas é o que elas nos podem dar enquanto sociedades - recuperar a liberdade sobre o dinheiro", sublinhou.
Na sua opinião, embora o investimento em criptomoedas possa ser necessário para o desenvolvimento do mercado global, a questão fundamental é saber se a nova tecnologia ajudará a construir um sistema financeiro mais justo.
A mudança de administração na Casa Branca suscitou grandes esperanças entre os entusiastas das criptomoedas. Durante a campanha eleitoral, Donald Trump anunciou regulamentos amigáveis e até a criação de uma "reserva de criptomoedas".
Mas, como diz Mentzen, a realidade foi muito dececionante.
"Trump anunciou que não vai vender a bitcoin que possui. Isto parece orgulhoso, mas na prática .... nada muda. Não é uma compra, é uma não venda".
De acordo com o nosso entrevistado, os EUA não podem dar-se ao luxo de apoiar totalmente a Bitcoin. Porquê? Porque a sua posição global se baseia no dólar - e a Bitcoin ameaça essa posição em termos reais.
Para muitos países - incluindo a Polónia - as reservas monetárias globais em criptomoedas podem significar a independência do dólar. Mas não para os EUA.
"Os Estados Unidos estão a exportar inflação graças ao dólar. A bitcoin seria uma ameaça para eles", avalia Mentzen.
Por conseguinte, embora estejamos a ouvir sinais positivos, não se espera que os EUA apoiem totalmente as criptomoedas.
As acções de Trump - das tarifas à retórica inflacionista - são acidentais? De acordo com Mentzen, não necessariamente. Pelo contrário, trata-se de uma revolução controlada.
"Ele reconheceu que era necessária uma resposta forte. Movimentos violentos, porque pequenos passos não vão mudar nada."
Trump quer forçar as empresas - incluindo as estrangeiras - a investir nos EUA e, nesse processo, ajudar o orçamento. A questão é saber se o mercado aguenta isto.
O bitcoin está a entrar num mercado em alta? Irá Trump satisfazer as expectativas da comunidade criptográfica?
Mentzen continua cético:
"Não espero que o governo dos EUA compre milhões de bitcoins. Mas haverá sinais que permitirão aos políticos dizer: estamos convosco".
Na sua opinião, os políticos não abandonarão os eleitores ligados às criptomoedas, mas também não abdicarão do poder sobre o dinheiro em nome da ideia de liberdade. No fundo, interesses poderosos, lobbies e... lucros.
A entrevista com Tomasz Mentzen recorda-nos que o mercado das criptomoedas não é apenas um gráfico de câmbio, mas uma batalha de ideias, interesses e geopolítica.
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